Há cheiros que nos fazem viajar no tempo. No meu caso, basta a manteiga borbulhar com folhas de sálvia para voltar aos domingos na casa da minha avó Teresa, onde aprendi que paciência e bons ingredientes são meio caminho andado para qualquer felicidade. Foi ali, ainda pequena, que troquei a batata inglesa pela batata-doce numa tarde de improviso (o cesto de legumes estava quase vazio) e descobri um nhoque levemente adocicado, macio como travesseiro novo. Hoje, sempre que quero oferecer um “abraço” em formato de refeição, coloco essa massa para girar na bancada. Está pronto para colocar as mãos na massa comigo?
Antes de irmos à receita, preciso contar um detalhe: na minha cozinha, eu gosto de assar a batata-doce em vez de cozinhá-la em água. Isso concentra o sabor e, de quebra, evita que a massa fique úmida demais. Pequenos gestos fazem toda a diferença no resultado final.
Ingredientes
- Nhoque
- 600 g de batata-doce de polpa alaranjada (cerca de 2 unidades médias)
- 1 gema
- ¾ xícara (chá) de farinha de trigo (aprox. 90 g) — pode variar conforme a umidade
- 2 colheres (sopa) de parmesão ralado fino
- 1 pitada generosa de sal
- Noz-moscada ralada na hora (opcional, mas eu não abro mão)
- Molho de Manteiga e Sálvia
- 3 colheres (sopa) de manteiga sem sal
- 10 folhas de sálvia fresca
- 1 colher (sopa) de água do cozimento do nhoque
- Pimenta-do-reino a gosto
Modo de Preparo
- Assar a batata-doce: lave bem as batatas, embrulhe-as em papel-alumínio e asse em forno preaquecido a 200 °C por cerca de 45 min ou até ficarem macias. Desembrulhe, deixe amornar e retire a casca.
- Secar e amassar: passe a polpa ainda morna por um espremedor (ou amasse com garfo). Espalhe sobre uma assadeira para esfriar e liberar vapor — o truque que aprendi e que muda tudo é não pular essa etapa.
- Preparar a massa: transfira o purê frio para a bancada, abra uma cova no centro, adicione a gema, o parmesão, o sal e a noz-moscada. Vá polvilhando a farinha aos poucos, incorporando com as mãos, até formar uma massa macia que desgrude levemente. Evite sovar; quanto menos manuseio, mais fofinho.
- Modelar: divida a massa em 4 porções, faça rolinhos de 1,5 cm de espessura e corte em “travesseirinhos”. Se quiser, pressione levemente cada pedacinho com o garfo para criar as tradicionais ranhuras.
- Cozinhar: ferva água com sal. Coloque os nhoques aos poucos; quando subirem à superfície, conte 30 segundos e retire com escumadeira, reservando um pouco da água do cozimento.
- Molho de manteiga e sálvia: derreta a manteiga em frigideira larga até espumar. Junte as folhas de sálvia e deixe que fiquem crocantes, sem queimar. Acrescente 1 colher (sopa) da água do cozimento para emulsionar e tempere com pimenta.
- Finalizar: adicione os nhoques escorridos à frigideira, salteie delicadamente por 1 minuto para que se envolvam no molho. Sirva imediatamente com mais parmesão, se desejar.
Dicas do Chef
- Farinha no ponto certo: quanto menos farinha, mais leve o nhoque. Se a massa ainda estiver pegajosa depois de ¾ de xícara, adicione só 1 colher (sopa) por vez, testando sempre.
- Sálvia substituta: não encontrou sálvia? Folhinhas de manjericão fritas rapidamente em azeite também criam um perfume incrível — só não deixe dourar demais para não amargar.
- Congelamento esperto: quer deixar o trabalho adiantado? Congele os nhoques já cortados em assadeira polvilhada de farinha. Assim que ficarem firmes, transfira para saquinhos e conserve por até 3 meses. Cozinhe direto do freezer.
Se você fizer esse nhoque de batata-doce, mande notícias! Adoro saber como cada cozinha adiciona seu próprio tempero às minhas histórias. Pegue um garfo, reúna quem você ama e descubra que carinho, muitas vezes, se serve em prato fundo.

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